sexta-feira, 23 de novembro de 2012

Lucas Gama

Ontem a noite Deus recebeu um anjo. Para mim, Deus o recebeu hoje. Como eu estava em período de prova, minha família resolveu não contar, pois ficaram com medo de me fazer muito mal, ao ponto de não realizar o exame bem.
Descobri da pior forma que o meu amigo faleceu. Olhando o facebook... Fiquei sem reação. Eu sabia que ele estava doente, muito doente. Queria de verdade visitá-lo, mas infelizmente eu estava passando pela pior fase da minha vida. Vê-lo do jeito em que se encontrava seria talvez o ponto final para a minha depressão.
Tentei ir visitá-lo, mesmo sabendo que iria doer muito em mim... contudo por alguns probleminhas não deu. Achei que fosse um sinal, que realmente aquilo me faria mal... Acreditando piamente que ele conseguiria sobreviver e depois explicaria para ele... Pois o Lucas sabe que eu sou amiga dele, que eu o amo muito, e sabia também que eu já não estava bem.

Deus sabia que a nossa amizade era verdadeira. Colocou o Lucas no meu caminho duas vezes para que nos enxergássemos. Estudamos na Escola Municipal Gil Vicente, nos falávamos, porém não muito. Deus viu que não fora o suficiente e fez com que nos reencontrássemos mais uma vez. No Colégio Estadual Souza Aguiar.   Esse último colégio era distante de nossas casas... Morávamos em realengo, e o colégio se situava no centro da cidade. Eu fui estudar lá, por ser a escola de ensino médio menos pior das públicas... E ele se não me engano, era porque um outro colega nosso também iria para lá, todavia, foi morar em Cabo Frio.
Não me esqueço de forma alguma quando eu o vi passando pelo corredor do colégio... Me espantei e fui correndo conferir se era ele realmente. Graças a Deus era o Lucas...
Começamos a ir para casa/escola juntos, todos os dias... E a cada dia que se passava eu me encantava mais por ele. Amigo, bonito, inteligente, engraçado, generoso... Um amor de pessoa! De verdade.

Nós nunca saberemos o que é melhor ou pior para a outra pessoa. No começo, eu achava que viver talvez não seria o melhor para ele. Mas Deus veio em sonho me mostrar que sim, que ele iria viver e que seria muito feliz. Sonhei com ele e a irmã, que eu os encontrava na sorveteria, bem próximo onde eles residem. Ele estava alegre, muito alegre, e quando eu o vi feliz, chorei emocionada.
Depois disso parei de pensar daquela maneira. E passei a ter fé, e me oferecer para ajudá-lo assim que viesse para casa.

O Lucas era uma das poucas pessoas mais ingênuas, e boa de coração que eu conhecia. É uma pena ele ter partido... Mas mesmo estando profundamente triste, eu sei que foi o melhor. Sem dúvida alguma! Ele está com Deus... Ele está com Jesus... Ele está no melhor lugar do mundo. Agora só nos resta orar para que ele fique ainda melhor.

Na última vez que a gente se falou, marcamos de nos encontrar, porém, exatamente no final de semana que nos encontraríamos aconteceu o acidente. E até hoje não nos vimos mais. Sei que um dia eu ainda o verei, não sei a onde, mas o verei. Minha amizade, meu carinho, e o meu respeito por você Lucas, é eterno. Que Deus lhe acompanhe, e meus sinceros pêsames á família Gama.

Letícia Marques 23/11/2012 20:11:00

domingo, 18 de novembro de 2012

Pré-conceito com preconceito

Preconceito é a palavra mais comum que eu conheço. Todos falam de preconceito como se fossem corretíssimos, sem ter nenhum defeito. Você pode não ter preconceito com negros, mas tem com homossexuais. Você pode não ter preconceito com homossexuais, mas tem com umbandistas. Você pode não ter preconceito com umbandistas, mas tem com evangélicos. Você pode não ter preconceito com evangélicos, mas tem com o pobre. Você pode não ter preconceito com o pobre, mas pode ter com o rico.

Eu poderia escrever uma enorme lista de preconceitos que temos, e sem perceber falamos e julgamos. Nós temos preconceito até com a capa de um livro, uma comida diferente, alguém novo. Por exemplo... ao falar de preconceito pensamos em que primeiro? Negros e homossexuais. Certo? Eu digo á todos que eu não possuo preconceito. Todavia, ao falar nisso já me vem a cabeça o negro e o homossexual. Viu? Isso está introduzido nas nossas cabecinhas ocas. Nosso cérebro já nos liga á esses temas, fazendo um pré-conceito sobre preconceito.

Acredito que temos preconceito com o próprio preconceito. Vamos supor algo muito comum. Um homem é preso por chamar funcionária de "macaca". A mulher de acordo com os seus direitos, dá queixa na polícia e o homem é preso. Sendo totalmente criticado pela sociedade por ter cometido um ato de racismo.

Quando eu vejo uma reportagem dessa, fico demasiadamente atordoada. De fato esse homem está errado, conforme a ética. Porém, o preconceito dele nada mais é que um resultado, de algo que impuseram em sua cabeça há séculos atrás, e que até hoje não só ele, mas todos nós possuímos essa deficiência. É como se fosse um material radioativo, que leva gerações a gerações para se transformar. Podendo se tornar em algo bom ou ruim.

Ao assistir um episódio desse, de racismo, vejo dois lados. O da justiça, e o do humano. Pois como já dizia Rousseau - "O homem nasce bom, mas a sociedade o corrompe". Esse homem nasceu "bom", porém ele foi induzido a pensar que negros são inferiores. Muitas pessoas se libertaram desse pensamento, contudo muitas ainda estão aprisionadas, e não podemos repreende-las e sim compreende-las, vendo que se elas ainda permanecem com esse pensamento, sinal que ainda estão em processo de "descontaminação".

Obs,: A menininha loira de olhos azuis da imagem representa o preconceito de perfeição, beleza. Acreditamos que o preconceito somente se refere a exclusão social, todavia, existe também o da beleza perfeita. Onde costumamos caracterizar o belo sendo loiro, olhos claros e magro.

Pedra

Ultimamente tem crescido muito a quantidade de usuários de drogas no Brasil. O consumo de crack, por exemplo, vem aumentando de forma desordenada no Rio de Janeiro. Mais especificamente em madureira, e algumas áreas da Avenida Brasil, que são os locais que eu frequento, e tomo como ponto de partida.
Usei o crack como exemplo, porque esse post não se refere exatamente ás drogas, e sim ao desleixo tanto do governo, quanto da sociedade em relação á isso.

Certa vez, sentada no ônibus indo para o colégio, me encontrei sem perceber olhando para o jornal do rapaz que sentava á minha frente. Após ler o assunto fiquei perplexa com o termo usado no jornal para se referir aos usuários de drogas.



Cracudo. Esse é o pior neologismo que eu conheço. Os usuários de crack são pessoas totalmente abandonadas. A maioria deles são crianças, que não tiveram oportunidade na vida, não sabem o que é estudar, dormir, comer, brincar e principalmente amar.

Ninguém vê que eles são vítimas? Ou fingem não ver? Sim, vítimas! Eu nunca fui assaltada por um usuário, talvez por isso posso não achá-los meros "pivetes". Mas também não sou mãe/pai e tenho o desejo de tirá-los dessa vida.

Um jornal popular usar esse termo só piora as coisas. Quando eu li "cracudo" não vi o humano. Apenas a droga. É a coisificação... eles são considerados a droga em si. No caso do crack, a pedra. As pessoas que utilizam essa droga perderam o seu valor humano. É como se já estivessem em um processo irreversível.
Por que ninguém chama o usuário de cocaína de chincheiro no jornal? O mesmo com a maconha (maconheiro) dentre outros que com certeza existem, porém não tenho o conhecimento. Pedra é o coração de quem os enxerga como "crackudos".

A negligência por parte do governo e toda a sociedade é preocupante. Todos sabem que esses usuários estão aumentando, e nenhuma proposta bem organizada fora feita, muito menos realizada. Esse problema não é apenas de segurança pública mas como também de saúde.

Não podemos continuar com essa simulação, de que estamos bem ao passar ao lado de um usuário de crack ao nosso lado. Não podemos continuar com medo de olhar essas pessoas. Não podemos continuar a fingir de que está tudo bem e que não podemos fazer nada... Pois podemos sim... Vamos tirar a pedra do caminho dessas pessoas. Será benéfico tanto para elas, quanto para a gente.